Inicialmente criado com o único e exclusivo objetivo de organizar o transporte de mercadorias, o container logístico surpreendeu a todos com as suas múltiplas facetas de utilização. Afinal, com uma estrutura tão forte e segura, não era possível aproveitá-lo somente durante 8 anos no comércio marítimo, pois passado esse tempo, ele é considerado descartável e vira “lixo” no pátio dos portos.
A ideia de reaproveitar os containers que ficavam abandonados nos portos e nos pátios de estações de trem, surgiu nos anos 90, na Inglaterra, quando arquitetos visionários pensaram na possibilidade daquelas “caixas de metal” se tornarem uma opção para a construção.
O reaproveitamento de containers em obras e na construção civil tornou-se uma prática comum. Depois de concluir seu papel no transporte de cargas, as peças são transformadas em estruturas provisórias nos canteiros ou em ambientes habitáveis, sejam eles comerciais ou residenciais.
Sim, qualquer tipo de container pode ser reaproveitado, porém, existem regras que precisam ser atendidas, como por exemplo a NR-18, que determina a realização de testes para garantir que não há nenhum tipo de contaminação, riscos químicos ou níveis de radioatividade nas estruturas transformadas em instalações para abrigar os trabalhadores do canteiro.
Encontramos várias empresas em todo o país especializadas na adequação e descontaminação dos containers. Porém, antes de iniciar o trabalho, é preciso nacionalizar o container seguindo a legislação da Receita Federal. Isso é necessário porque, em sua grande maioria, o container é fabricado na China e entra como importação temporária no Brasil. Por se tratar de produto estrangeiro, tem que ser nacionalizado antes do uso em outros segmentos.
Por ser uma metodologia de construção muito nova no Brasil, acaba levantando a muitos questionamentos por parte dos potenciais consumidores em relação a durabilidade, conservação, segurança e condições estruturais.
O reaproveitamento dos containers é algo muito novo até mesmo no mercado internacional. No início dos anos 90 os containers já eram reutilizados como reduto temporário em caso de desastres naturais e guerras. Contudo, foi somente em 2005 que eles foram vistos como uma alternativa efetiva para as construções comuns.
Existe a possibilidade de adquirir um container novo para utilização em obras, entretanto, são muito caros podendo chegar a preços como de um carro zero. Um dos principais fatores que influenciam no momento da compra do container é a variação na cotação do dólar. Isto é decorrente de dois motivos. O primeiro motivo é que o aço corten, matéria prima do container, não é produzido no Brasil. O segundo, é que as empresas que vendem os containers e fazem as transações de trocas – são pautadas no dólar.
Podemos dizer que o uso do container na obra é variado, afinal essas caixas são muito versáteis e podem substituir construções tradicionais para praticamente todos os fins. Algumas aplicações mais comuns na construção civil são:
Procurando pelo modelo de container certo para a sua necessidade? Veja mais informações sobre o container de 20 pés, o container mais utilizado para transporte marítimo e armazenamento de produtos.
A instalação do container não exige grande preparo, porém alguns cuidados precisam ser tomados para evitar que a estrutura fique instável e possa causar um acidente. Então é preciso verificar se o trecho do terreno onde ele será instalado está nivelado, ou se o terreno for muito inclinado, será necessário fazer uma estrutura auxiliar para nivelá-lo, além de ser capaz de suportar o peso da estrutura e da carga que será armazenada (em caso de uso para depósito).
Não é recomendado que o container fique diretamente em contato com o solo, ele deve possuir uma base normalmente de concreto, quando vai ficar no local por muito tempo. Se for apenas para uma obra, ou seja, por um período curto de tempo, a base pode ser de madeira.
Desde que os containers foram incorporados ao setor de construções, eles vêm sendo utilizados para produzir os mais diversos tipos de edificações e nesse sentido, a criatividade pode projetar composições variadas, basta misturá-los com outros materiais, como: madeira, vidro, pvc, dentre outros.
Antes porém, é preciso conhecer as medidas de containers disponíveis no mercado, até antes de colocar o seu projeto no papel, afinal, com elas em mãos, fica mais fácil planejar e escolher o tamanho que mais se adequa ao projeto que está sendo realizado.
Outro fator importante e que não deve ser desprezado é que à medida do container precisa caber no local onde será instalado e, nessas horas, saber das dimensões é imprescindível para realizar os cálculos.
Em lugares difíceis de acessar, por exemplo, pode ser melhor montar uma estrutura utilizando vários containers menores ao invés de usar um único container de tamanho maior.
Os containers são fabricados segundo medidas padrão e aparecem em cinco tamanhos. O que se destaca como principal diferença nessas estruturas é o comprimento, que varia de acordo com a lista a seguir. Os valores aproximados são:
Embora existam esses cinco modelos, os tamanhos de containers mais comuns no mercado são os de 20 e 40 pés, classificados em dois tipos diferentes (dry standard e high cube) de acordo com as variações de altura.
Deve ser feito o aterramento do container por se tratar de uma estrutura metálica e assim estar suscetível a ser atingido por raios, o que torna fundamental que o aterramento elétrico seja muito bem projetado e executado.
A área do terreno deve ser capaz de comportar o container, com espaço suficiente para as manobras dos guindastes e dos equipamentos usados para a sua instalação.
O projeto usando containers dispensa a necessidade de fundações profundas como o cintamento, que acaba preservando outra vantagem desta construção: a sua mobilidade.
De modo geral, a construção é apoiada em pontos estruturais necessários apenas para um nivelamento, sendo este possível com materiais como britas ou bases de cimento do tipo sapatas, apenas apoiados em quatro pontos estruturais nos cantos e mais dois no meio, para que tenham firmeza no solo. Esses pontos estruturais são bases de concreto de 30 × 30cm, o que permite que 85% do solo permaneça permeável, evitando o acúmulo de água das chuvas e o risco de enchentes ou alagamentos. Considerando que os containers são fabricados em aço, um potente condutor de calor, é indicado aproveitar a orientação do terreno para garantir ventilação e insolação ideais, isso serve para todos os módulos.
Planejar os revestimentos, o isolamento térmico e acústico do container é fundamental para que o projeto não saia do orçamento. Assim como as paredes, o ambiente deve receber um forro hermético em drywall com lã mineral no entreforro. O piso pode ser executado em sistema de painel wall, garantindo rigidez e isolamentos térmico e acústico.
Outros elementos também contribuem para o desempenho térmico e acústico das construções com containers, como por exemplo, a cor escolhida para a pintura do revestimento. Cores mais escuras são mais propensas a absorver calor, deixando os ambientes internos mais quentes.
Além disso, a utilização de elementos externos aos containers, como plantas ornamentais, biombos, painéis decorativos e cobogós, podem auxiliar na tarefa de controlar a temperatura, particularmente nas fachadas com orientação solar mais crítica.
Outro ponto que pode gerar problemas em projetos com containers é a vedação. Assim, para evitar infiltrações, é proibida a utilização de parafusos em qualquer parte exposta da estrutura. Nos casos de necessidade de prender algum elemento ao container, isso deverá ser feito com uso de solda ou com a utilização de ímãs.
Nos casos de obras que usam mais de um container, a conexão entre eles deve ser bem estudada, para garantir que essa junção não gere ponto de infiltração. Uma opção é a utilização de rufos nessas conexões, com aplicação de sistemas de impermeabilização, como manta asfáltica, por exemplo.
A partir de fevereiro de 2022, a nova Norma Regulamentadora nº 18 (NR-18) passará a proibir o uso de containers originalmente utilizados para transporte de cargas em área de vivência (alojamento, vestiário, escritório de obra etc.). Esses containers a serem reutilizados poderão ser aproveitados apenas para depósito de materiais.
A norma NR 18 merece destaque, devido ao fato abranger os mais variados assuntos referentes à administração, organização e segurança. Trata-se de um documento com informações desde o plano macro até tópicos referentes às frentes de trabalho da construção civil.
Essa norma é responsável pela determinação das condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção civil foi aprovada em 1978, apesar do longo tempo da sua criação até os dias de hoje, raros são os profissionais que atuam executando e gerindo obras com conhecimento profundo sobre assunto.
Sempre que houver necessidade, como em situações de obras afastadas dos centros urbanos, as empresas devem instalar alojamentos provisórios nos canteiros de obras para a permanência dos funcionários, pois esta é uma exigência da NR 18 - Norma Regulamentadora. Para atender as especificidades dessa norma e garantir a saúde dos funcionários, esses locais devem ser de boa qualidade, o que, consequentemente, contribui para o bom andamento da construção.
Para que os containers possam ser utilizados no canteiro de obras, será necessário apresentar o Laudo de Habitabilidade de Container. A elaboração do Laudo Técnico de Habitabilidade para Containers Marítimo (certificando a ausência de Riscos Físicos, Químicos e Biológicos), conforme Portaria n° 30, baixada pelo MTE em 13/12/00, que acrescenta o item da NR 18.4.1.3.2 como segue:
Avaliação de Agentes Físicos
Uma das exigências é a avaliação de radiação ionizante com a utilização de radiômetro digital calibrado para as ondas alfa, beta e gama.
Avaliação de Agentes Químicos e Biológicos
Para fazer a avaliação dos agentes químicos e biológicos serão realizados exames qualitativos, com o intuito de se verificar a existência ou não de resíduos químicos ou biológicos que por ventura possam vir a comprometer a saúde e a segurança de futuros ocupantes.
Depois de todas essas avaliações feitas, deve-se montar o laudo e recolher o documento chamado ART - Anotação de Responsabilidade Técnica. Esse é um laudo que o engenheiro de segurança do trabalho deve fazer para poder afirmar se existia ou não alguns dos riscos como radiações ionizantes ou riscos químicos e biológicos.